terça-feira, julho 18, 2006

"Deveria isto bastar, dizer de alguém como se chama e esperar o resto da vida para saber quem é, se alguma vez o saberemos, pois ser não é ter sido, ter sido não é será, mas outro é o costume, quem foram os seus pais, onde nasceu, que idade tem, e com isto se julga ficar a saber mais, e às vezes tudo."
"Um homem tem de saber, por si próprio, quando as mentiras já nascem absolvidas."
"Os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nas cer sem asas e fazê-las crescer."
"Apenas disseram adeus, nada mais, que nem uns ssabem compor frases, nem os outros entendê-las, mas, passando tempo, sempre se encontrará alguem para imaginar que estas coisas poderiam ter sido ditas, ou fingi-las, e fingindo, passam então as histórias a ser mais verdadeiras que os casos verdadeiros que elas contam."
"As notícias do destino são sempre meias notícias, o que vem amanhã é que conta."
"Não há nada mais triste que uma ausência."
"As guerras que acabam é como se nunca tivessem acontecido."
"De noite todos os gatos são pardos e vultos todos os homens."
"(...) ainda ontem morrer um era uma tragádia e hoje é banalidade evaporar-se um milhão."
"Ainda falta vir o tempo de com falso perfume de rosa se ungirem rosas falsas."
"Vêde como é para todos a chuva quando cai."
"Não ajudando a fama no mundo, não se alcança a celebridade no céu."
"É cisma de metade do mundo a curiosice pela vida da outra metade, que aliás lhe paga na mesma moeda."
"Era quase madrugada, nem a noite teve tempo de escurecer."
"Com as costas da mão enxuga o suor ou as lágrimas, ou talvez esteja a dar um jeito aos cabelos, ou a limpar a cara suja, é um gesto de tão vário sentido."

"Memorial do Convento", Jose Saramágo